#003 - Feb 20th 2025, Thu - TROPIX (2016) - Céu
Gente, faz de conta que eu enviei antes de meia-noite, tá? Por favor, todo mundo fingindo que eu não atrasei mais de uma hora do final do dia datado ali no título pra entregar essa não!
Gostaria de registrar que este projeto é, também e de certa forma, mais uma volta minha à prática de blog, que já fez parte da minha vida em muitos momentos. Mesmo pra quem só está nos grupos, vale a pena saber que eu tô aqui escrevendo pensando nos grupos E NO BLOG! E quero agradecer a vocês pelos convites feitos a outras pessoas para estarem aqui. O grupo do Telegram ainda tá miudinho, mas o do Whats vem crescendo. E quanto ao blog, antes da era das blogueiras, eu já era blogueiro, hahahahahahah!
Hoje, vamo de Tropix? O disco de hoje é do mesmo ano que o de ontem, e as duas cantoras meio que são da mesma geração, uma das mais recentes da música brasileira. Eu amo ambas, mas queria registrar que acho a Céu uma das maiores artistas dos últimos tempos, espero que apareça alguém na música brasileira que bata de frente (Gloria Groove? em breve quero conversar sobre ela com vocês). Sobre o Tropix, no final quero comentar sobre o carinho que tenho por ele, mas vamos pro faixa-a-faixa.
1 - Perfume do Invisível - começa com um instrumental minimalista, que vai se encorpando conforme as estrofes vão sendo cantadas e, quando Céu canta o último verso, explode em muito suingue, alguma repetição e bastante vocalização, até que o instrumental se contém e tudo se repete. Confesso que não sei se a letra conta a história do dia do término de um namoro (em que o eu lírico estava na casa da outra pessoa do casal), se fala de um momento de lazer, prazer e alegria, ou de alguma outra situação que não identifiquei.
2 - Arrastar-te-ei - não é todo dia que se vê canções com mesóclise no título (nem na letra é comum). Também gosto do suingue dessa, é da borda de caixa que o baterista usa. Me parece que a letra fala de um amor entre pessoas que não moram juntas, e que quando se encontram, têm momentos sensuais intensos, inclusive com a metáfora quase explícita do “eu viro o mar”. Ou seria outra coisa, o “leito oceânico”? Faz sentido, minha interpretação da letra?
3 - Amor Pixelado - Uma música sobre um amor que se dá nas ausências, e uma promessa do eu lírico de que ela estará firme neste amor apesar das dificuldades que daí advém. O desafio do amor à distância é comparado com a falta de definição de uma imagem pixelada. Gosto do modo como ela canta esse refrão, essa melodia atípica com trechos em diferentes registros vocais.
4 - Varanda Suspensa - ano passado estive em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, e essa música não saia da minha cabeça nem por um minuto. Me remete a férias, festa, alegria, tenho a sensação de que é um relato de uma estadia em um hostel, algo assim. Dias de verão, com “vista para Ilhabela”, belos fins de tarde, belas noites, e me parece que talvez marijuana ou mesmo outras substâncias.
5 - Pot Pourri: Etílica/ Interlúdio - Parece que alguém recebeu uma ligação duma amiga/amada bêbada, talvez num momento difícil. Um instrumental bem gostosinho, a música fala de acalanto, e de repente o instrumental vira uma coisa high, psicodélica, Com as intervenções do timbre único da perfeita Tulipa Ruiz. Seria ela a amiga da ligação, ou algo assim?
6 - A Menina e o Monstro - com um arranjo de caixinha de música e até um trecho de hiff que me lembro o início do inconfundível riff de Sonífera Ilha, dos Titãs, aqui temos mais uma canção onírica ou algo do tipo. Em algum momento eu tenho a impressão de que a menina e o monstro podem ser a mesma pessoa, uma menina e um monstro que ela tem dentro dela, mas também tem horas que me pergunto se é um tema de maternidade, não tenho muita certeza. Histórias de ninar, talvez? E tem aquela guitarra insanamente distorcida, a la Lanny Gordin.
7 - Minhas Bics - Esse tema das estrelas e do espaço desenhado com canetas Bic não é inédito, eu, por exemplo, me lembro de Boi de Haxixe, do Zeca Baleiro (no álbum Vô Imbolá). Mas aqui, numa levada mais uma vez repleta de suingue, ela fala dos muitos universos que se pode criar, compor, desenhar, calcular, inventar quando se lança mão da potente tecnologia da caneta e do papel.
8 - Chico Buarque Song - este sambinha eletrificado cantado em inglês me parece ser a história de alguém que quer bem a outro alguém, que se importa com a ocasional tristeza da outra pessoa e que quer saber como ela está, levar alegria, e até se pergunta se essa tal outra pessoa ainda curte um Chico, coisa assim, no meio das metáforas, o desejo de ver o outro radiante.
9 - Sangria - a nona faixa, que me lembra alguns boleros tristes da Marisa Monte, explora o tema do permitir-se sentir a dor do amor, vivenciar de modo intenso os sentimentos. Me parece que há uma pincelada do tema de Minhas Bics, não mais através da escrita e dos rabiscos, mas agora através dos traços duma pintura, na qual mais uma vez se cria uma realidade, pela via do romance, da dor, da vontade do infinito.
10 - Camadas - com um momento de um lindíssimo e vigoroso arranjo de cordas, essa música fala das muitas versões (e cada vez mais profundas) que uma pessoa pode trazer em si, através da metáfora das camadas que ela apresenta, relacionada à tentativa de se aprofundar na relação com alguma outra pessoa. E junto com isso vêm os encontros e desencontros da comunicação e seus emaranhados.
11 - A Nave Vai - eu gosto muito da levada das músicas desse disco, mesmo daquelas mais lentinhas, mas essa AQUI em especial me causa uma IMEDIATA vontade de dançar (essa música ao vivo é uma DELÍCIA!). Me dá uma vontade de decolar com a nave que o texto da música cita, por mais que o refrão deixe claro que a nave decola estando nós prontos ou não. E isso fica evidente quando, no final da narrativa, o último refrão anuncia que a nave JÁ LEVANTOU voo! E assim a canção entrega à última faixa a tarefa de amarrar essa viagem musical do Tropix.
12 - Rapsódia Brasilis - Esse instrumental tem momentos de virada um tanto quanto inesperados, e timbres de guitarra e baixo BEM peculiares. Mais uma letra pra mim muito enigmática, mas eu tenho a impressão de que tem uma tensão nas relações de maternidade e cuidado materno na relação entre a filha jovem de uma família e a empregada que trabalha na casa. Até os dois momentos sonoros, rítmicos, que se alteram na música, me parecem dizer respeito à mocinha filha dos donos da casa e à empregada, com todas as tensões raciais desses arquétipos, ligadas à formação do Brasil em que vivemos… Mas pode ser tudo coisa da minha cabeça!
Eu AMO o Tropix, assim como outros discos dela. Mas algumas dessas faixas me acompanharam no cotidiano dum momento muito difícil da minha vida, e daí faixas como Amor Pixelado e Varanda Suspensa me lembram tanto das dificuldades que enfrentei naquele período, quanto do fato de que eu sobrevivi. E essas canções MUITO me ajudaram.
Agora aquelas perguntunhas de todas as postagens: Já conheciam este disco, ou ao menos alguma das faixas? Têm memórias pra contar? Este álbum lembrou outra obra que valha a pena citarem? Depois de ler a resenha, já pegaram o disco pra ouvir? Ou pretendem pegar? O que mais gostaram? Concordam, discordam, têm algo a acrescentar? Quero muito os comentários de vocês, hoje, ou no tempo que for possível pra vocês.
Seria Tropix uma tropicália hi tech?
Links para o disco no Spotify: https://open.spotify.com/album/3OjQpMNunvljKP0tFVGip4?si=cVd72E9kSB-yV3_jwm-BqA
E no YouTube: https://youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_ma-stBehrrq22PdSoFmiCK8OKzAS7qXoU&si=IqcHtGub-Sof3siFF
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See you!
beijinhos de maracujá!
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